quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

Olhei a previsão do tempo e conferi como vai estar o clima nessa viagem de férias. A semana passada choveu muito no local. A semana que vem, segundo os meteorologistas, o Google, será de sol e sem pancadas de chuvas. Mas com temperaturas de 32° a 19°.

Agora me diga qual o senso de justiça que tem essa pessoa que escreve essas coisas. Porque né, não é justo eu ter de levar shortinhos e suéter numa mesma mala.

quarta-feira, 25 de dezembro de 2013

Nossa, que natal lindo esse. Eu lembro que ano passado foi ótimo apesar de eu estava bem ansiosa porque iria passar uma semana no Brasil. Mas, pô, ansiedade nos parques da Disney é uma delícia.

Esse ano. Ai, esse ano. Ótimo é apelidinho carinhoso de quem nem tem intimidade. Que coisa boa ter quem se ama ao lado, né? 

Recomendo a todos.

terça-feira, 10 de dezembro de 2013

New year's resolution

Não entrar em discussão com pessoas com pontos de vista diferente dos meus. Isso não vai levar a nada.

Tentar mudar apenas a mim mesma. Ninguém mais.

Ser uma pessoa melhor.

Ser uma professora melhor.

Estudar mais.

Cortar os cabelos ao menos uma vez a cada três meses.

Pensar sobre ter cabelos cacheados.

Comprar um rímel novo.

Encontrar um emprego que não pague uma miséria.

Fazer alguma atividade física.

Resolver o que fazer com as economias.

Escrever a meta de leitura do ano.

Vencer a meta de leitura do ano.

Manter a calma e a paciência quando estiver nos engarrafamentos provocados pelos jogos da copa.

Viajar no carnaval.

Voltar a ser pré pago no celular.

Aprender a usar o sky drive.

Comprar um laptop.

segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

Eu esqueci meu laptop na esteira de segurança no aeroporto de New Jersey, quando tava voltando pro Brasil. Apaguei esse fato a minha memória, por que você há de convir o quanto é doloroso perder todas as fotos de quase dois anos que não se mora em seu país de origem.

Vou alí fingir o equilíbrio.

sábado, 7 de dezembro de 2013

Você passa uma vida inteira tentando destruir conceitos que a sociedade impôs dentro de você. Que esse negócio de amor romântico não existe. E ninguém entende como torna tudo mais difícil por que você é pisciana! Tenta ler livros sobre o amor contemporâneo, filmes com finais reais, músicas sobre desencontros. Se esforça.

Mas aí vem seus pais, 29 anos de casados,  e te ligam pra avisar que vão passar o final de semana num hotel lindo desses da vida.

E não é nem feriado prolongado, tsc.

quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

Derreti.
           Desci ladeira abaixo.
                                Sem corrimão,
                                                     Mão,
                                                              Ajuda.



                                                                                              Acima, te vi ainda 
                                                                                              De lábios molhados.

segunda-feira, 25 de novembro de 2013

Sobre o que é

É sobre todos os meses que passamos afastados um do outro. Sobre como foi estranho conhecer alguém sem conhecer esse alguém. Sobre as madrugadas de infinitas conversas. Sobre tantos "e se". É sobre aquele dia no aeroporto. Sobre ter ido embora de novo. É sobre todos os smile face nos softwares de comunicação instantânea. E sobre as sad faces também. É sobre todos os poemas, poesias, músicas e links que trocamos. Sobre todas as vezes que dirigi com você do outro lado da linha no auto falante. Sobre todas as memórias (ou a falta dela). É sobre abril, maio, junho, junho, agosto. E sobre outubro que nunca chegava. É sobre a espera. Sobre não querer esperar mais. E continuar esperando mesmo assim. Sobre tudo que guardei aqui durante tanto tempo. E, principalmente, sobre saber que agora não preciso guardar mais.

terça-feira, 12 de novembro de 2013

O feitiço contra...

Eu peguei um mega engarrafamento e cheguei atrasada em um de nossos encontros. Cheguei pedindo desculpa.desculpa.desculpa.desculpa.

- Não tem problema, eu já estou acostumado a te esperar. 

                                                                              ***

Uma semana. Foi o tempo que ele disse que voltaria de viagem quando nos vimos pela última vez há 3 dias atrás. Falou isso minutos antes de dizer baixinho que iria sentir minha falta.


Na verdade são 9 dias. Eu contei.

segunda-feira, 11 de novembro de 2013

"A volta pra casa"

Todo mundo me avisou muito sobre a tal "volta pra casa" (Buuuuuuu!). De como era pra tomar cuidado pra não achar tudo tão diferente a ponto de, sei lá, não se acostumar nunca mais. Me mandaram um artigo falando sobre "a volta pra casa depois do intercâmbio" contando a história de pessoas deprimidas com essa volta. Sobre a falta de emprego não vou nem comentar, que esse já estamos cansados de saber. Sobre a falta que é falar a língua nova. Sobre a saudade do outro lar. Sobre perceber que o lugar de onde se vem já não é tão grande quando parecia. Sobre, sobre, sobre um bocado de infelicidades.

Cheguei cheiinha de medos. 

Mas ninguém nunca me disse como é bom ser loucamente mimada pela família. Como seus amigos estão muito mais por você agora do que antes. O quando a aflição de um recomeço pode te trazer desafios arrebatadores. Que o momento do desemprego é avaliador e termômetro de emoções. Que, nossa, como é bom comida de casa. Que o abraço dele é o mais aconchegante de todos. Que it doesn't matter what happens, amigos mesmo longe, will be there for you. Que o processo de volta é também auto-conhecimento. E que auto-conhecimento é amadurecimento. E que... não é isso que a gente busca o tempo todo?


Vamos que vamos.

quinta-feira, 31 de outubro de 2013

Tentativa de resumo de um ano e meio de intercâmbio sem ordem cronológica

Das coisas que vivi, fiz, senti, nunca vou poder descrever com riqueza de detalhes. Primeiro porque não tenho memória suficiente para tal e segundo porque a vida que vivi posso dividir apenas um pedacinho dela. Então, aqui está o pedacinho de vocês:

Usei duas malas pra morar em outro país por um ano. Me arrependo amargamente da segunda mala. Descobri o que são de fato as estações do ano que mostra-se nos livros. No outono as folhas caem das árvores, no inverno neva, na primavera tem flores por todo lado, e advinha, no verão faz muito calor e zaz! O primeiro presidente negro da história da maior potência mundial venceu as eleições (novamente). Fui visitar a casa desse novo presidente. Sobrevivi a uma catástrofe natural dias antes do Dia das Bruxas. Fiz até um vídeo bobo falando sobre isso. O Brasil se revoltou e vi tudo pela internet. Um papa renunciou o cargo e outro velhinho assumiu a posição. Esse segundo papa foi ao Brasil. Comprei um bocado de vestidos lindos. Eu me apaixonei a distância. Tirei um monte de foto maneira bebi de verdade pela primeira (e última!) vez. Patinei no gelo pela primeira vez e não caí nem uma vezinha. Visitei todos os parques divertidos que a Disney tem pra oferecer, mas não fui em nenhuma montanha russa lá. No entanto quase coloquei todas as tripas pra fora quando fui em três montanha russas em outro parque no meu estado. Conheci gente de um monte de lugares legais ao redor do Globo. Dirigi uma BMW automática linda. Redescobri o prazer da leitura. Me apresentei a muita gente e me despedi de todas elas. Passei a virada do ano congelando no Central Park em New York. Amei uma família que não é minha de sangue. Eu aprendi uma língua nova. Conheci uma porção de culturas diferentes. Imitei o Pica-Pau e desci as Cataratas do Niagara de barril. Eu saí com um bocado de americano maluquinho. Tive a festa de despedida mais linda de todas as Historias das festas e do mais velho ao mais novo, todo mundo chorou (mas também sorriu, viu?). Minha mãe veio me visitar. Mostrei a minha mãe tudo que senti vontade de mostrar pra todo mundo que não mora aqui. Vimos a Estátua da Liberdade, a Times Square, o Brooklyn, compramos um bocado e comemos outro monte. Eu prometi que voltava numa terça, e advinha que dia cheguei? Descobri um gosto insaciável de conhecer mais do mundo. 
Fui inacreditavelmente feliz.
Brincadeirinha. Mas que lá é bonito a beça, ah isso é.
<3

Ano novo
Bumbum intacto

E nem vi o lindo do Obama

 Times Square com mamãe
=D

quinta-feira, 24 de outubro de 2013

quarta-feira, 2 de outubro de 2013

Entrar em um restaurante que procuramos na internet pela proximidade e por ter vista pro mar, e descobrir não ser nada daquilo que foi pesquisado. Sentar, receber os cardápios, pedir água, não gostar de nada do que se leu e começar a pensar, em conjunto, sobre as mais diversas desculpas para sair dali o mais rápido possível. Entre receber uma falsa ligação com o anuncio da morte de um gato querido e a ideia de levantar uma a uma da mesa com a desculpa de procurar pela outra que acabou de sair antes, eu tive uma ideia revolucionária:

- E se falássemos, como adultas que somos, a verdade? Devolveríamos os cardápios, agradeceríamos, e sairíamos pela porta da frente com um sorriso no rosto.


E assim o fizemos.

terça-feira, 1 de outubro de 2013

Sabe nó de fone de ouvido quando tá no bolso?
É isso que você faz com minha cabeça.

E o tempo que levo pra desatar, nem te conto. 
Tenho a impressão que você fica aí de longe me olhando 
com esse sorriso enigmático enquanto tento fazer do amontoado de fio uma linha reta.

segunda-feira, 30 de setembro de 2013

Acho que ainda não caiu a ficha que tô indo embora. Foi "tô voltando em 7 meses" por tanto tempo que acabei me acostumando. Minha amiga me ligou ontem e fomos jantar em um dos restaurantes daqui que mais gosto. Me lembro que tive um encontro lá ano passado. O rapaz definiu como "o McDonald's da comida italiana". Achei bem engraçadinho e zaz. Quando eu estive no Brasil em janeiro, eu também tive um encontro em um restaurante italiano, pedi o que sempre costumava pedir aqui e fiquei muito decepcionada com a diferença de sabores. Vou sentir falta do Fettuccini Alfredo daqui. Mas a grande verdade é que ainda não caiu a ficha. Será que tá caindo devagarinho ou só vai cair quando eu reparar que, opa, tô no Brasil. Sei lá, coisa doida isso.

domingo, 29 de setembro de 2013

Acho que vou ter uma crise de ansiedade. Tem meses que escrevo um texto de fechamento de ciclo pra colocar aqui no blog. Como é que vou colocar na mala todas as coisas que comprei durante esse tempo que morei fora? E os meus vestidos, vão amassar todos! Sem falar nos sapatos. Começo a suar só com a possibilidade de uma das minhas 432 malas extraviarem. Nem vou falar da minha maleta de maquiagem com 20 cílios postiços que tô levando pro casamento de minha irmã, que é preu não ter uma taquicardia.

É muito difícil ser fresca.

quarta-feira, 25 de setembro de 2013

Home 2

Elton John, esse lindo, me escreve essa música maravilhosa, porque né, foi pra mim que foi escrita, e ainda me coloca em um clip muito bem feito com uma fotografia de encher os olhinhos de lágrimas. 


                                   "If I'd never left, I'd never have known
                                                 We all dream of leaving
                                                  But wind up in the end
                                                 Spending all our time
                                           Trying to get back home again"

sexta-feira, 13 de setembro de 2013

Home 1

Falta pouco mais de um mês para eu voltar pra casa. A cada semana que me resta, eu vou postar músicas que coincidentemente tem o mesmo título e que significaram muito pra mim durante esse tempo longe de casa. Enjoy!


"I'm going home,
Back to the place where I belong,
And where your love has always been enough for me.
I'm not running from.
No, I think you got me all wrong.
I don't regret this life I chose for me.
But these places and these faces are getting old

So I'm going home."

sábado, 31 de agosto de 2013

Gone Girl

"See, when Amy likes you, when she's interested in you, her attention is so warm and reassuring and entirely enveloping. Like a warm bath. (...) You feel good about yourself. Completely good, for maybe the first time. And then she sees your flaws, she realizes you're just another regular person she has to deal with (...) So her interest fades, and you stop feeling good, you can feel that old coldness again, like you're naked on the bathroom floor, and all you want is get back in the bath."
Gone Girl de Gillian Flynn 
Pág. 289

Eu fechei o livro nessa página. Primeiro por que achei a analogia desse coração partido a coisa mais linda do mundo. Segundo por que parei pra pensar em todas as vezes que me senti nua no chão do banheiro e quis desesperadoramente voltar pro meu banho quente.

quarta-feira, 28 de agosto de 2013

Coxinhas

Eu só preciso de uma desculpa pra ir comer no restaurante brasileiro. Então quando azamigas estão procurando o que fazer no final de semana, eu sempre tento apresentar comida brasileira (para os que não conhecem) ou fazer voltar ao restaurante (para os que já foram apresentados). Com aquela velha desculpa: "a gente come primeiro depois a gente resolve o que vai fazer". Sempre funciona. Eu já me peguei pensando algumas vezes que deveriam me pagar uma comissão ou que minha comida deveria ser de graça, por que eu já levei gente de quase o mundo inteiro pra comer lá. Até que um dia a dona estava por lá e, enquanto conversávamos, fiz uma ressalva elogiando o estabelecimento. Nesse dia, recebemos cortesia de pastel de queijo, pastel de carne, risole de camarão e coxinhas fritas na hora. Naquele dia senti que a dívida que eles tinham comigo estava paga.

                                

Pagamento de dívidas em coxinhas pode trazer a paz mundial. Anote aí. 

terça-feira, 27 de agosto de 2013

Dates in USA

  • Teve aquele cara que NUNCA falava nada e era sempre eu quem tinha que puxar uma conversa. Quando o assunto acabava ele sempre perguntava "mmmm... what else?". Uma das perguntas que ele me fez numa tentativa de puxar uma conversa foi: "você gosta de chuva?"
  • Daí teve aquele outro que me deixei levar pela idade perfeita e pelos belos olhos azuis. Mas era cilada, bino!, chave de cadeira, maluco da silva, babando na gola, do tipo que tomava remédio controlado, ou era drogas mesmo, sei lá, não fiquei muito tempo pra descobrir.
  • Daí teve aquele que me chamou pra um segundo date no dia do aniversário dele. 
               - Mas e seus amigos?
               - Ah, eu não tenho ninguém importante, só você me basta.
          Era o segundo date.
          Nesse dia ele disse que achava que me amava. Era.o.segundo.date. 
          Era o segundo date e também foi o último.

  • Daí teve aquele mais cavalheiro de todos, mais legal de todos, mais divertido de todos. Que me cortejou o semestre do curso inteiro, que pediu meu telefone na hora certa, que me convidou pra sair do jeito mais legal, que pagou a conta sem nem me dar a chance de reclamar, que abriu a porta do carro, que me disse pra que eu dirigisse com segurança, que mandou torpedo quando já estava em casa pra checar se eu havia chegado bem e dizer o quanto maravilhoso tinha sido aquele jantar e que depois de tudo isso... nunca mais ligou. Nunca mais.


Meu dedinho podre pra garotos funciona bem em qualquer lugar do mundo, he.

segunda-feira, 26 de agosto de 2013

Não. Não, minha gente, eu não estudei em Havard. Ela é chiq, linda e uma das mais cara do mundo, beijos. 

Não. Não, minha gente, eu não vou mais pro cruzeiro lindo, cheiroso e maravilhoso pras Barramas. Por motivo de: minha mãe está vindo me visitar!

Não. Não, minha gente, eu não vou morar aqui pra sempre. Final de outubro eu volto.

Não. Não, minha gente, eu não vou comprar um iPhone branco desbloqueado ou qualquer outra encomenda pra você vender pelo dobro do preço no mercado negro da sua cidade.

segunda-feira, 12 de agosto de 2013

Numa universidade americana qualquer

A parte mais chata de ir à Nova York é se perder em Nova York. E isso por que eu coloquei todo o caminho no GPS do celular. Eu sabia qual trem devia pegar, quais os dois metrôs seguintes e quantas milhas eu teria de andar depois de tudo isso. Sairia tudo perfeito, se eu não tivesse colocado o endereço errado.
                                                                        *
Três horas depois, 2 metrôs, outro trem e um táxi de 25 dólares, cheguei ao meu local de destino. O campus era tão grande que me deram um mapa pra eu não me perder. Me perdi mesmo assim. Sentei na porta de um dos prédio que eu achei que seria o que eu procurava, e dei uma choradinha, mas sem me humilhar muito. Olhei o mapa pela quadragésima vez e continuei andando. 

                                                                        *
A aula já tinha começado e fiz muito barulho quando cheguei. Sempre tento fazer o mínimo de barulho possível, nunca quero atrapalhar. Mas minha mala estava muito pesada e caiu dos meus ombros, todo mundo olhou.
                                                                         *
Fui atrás de um grupo de pessoas que estava indo pro dormitório, assim eu não me perdia de novo. Se perder cansa e demora, além disso a professora passou dever de casa: ler dois quintos de um livro, responder uns questionamentos e escrever um mini ensaio; dormir pra quê, né. A chave do meu dormitório é um cartão. Detesto chave-cartão, sempre acho que não vai funcionar. Entrei no quarto que já estava aberto e esperei as colegas de quarto chegarem.
                                                                         *
Ninguém nunca apareceu no quarto. Até hoje eu espero. O quarto estava muito frio e eu improvisei meias que não levei com fronhas das colegas de quarto que não vieram. Coloquei uma fronha enrolada em cada pé e me senti muito inteligente. 
                                                                           *
No dia seguinte, quando fechei a porta e fiquei trancada do lado de fora porque minha chave-cartão não funcionou, descobri que me perdi dentro do dormitório e dormi no quarto errado a noite toda.
                                                                           *
Conheci uma menina da Bósnia e outra da Finlândia. Elas falaram de como o inverno lá pra aqueles lados chega a fazer - 30°C. Eu disse que na minha cidade, quando tá muito, muito frio e as pessoas tão de casaquinho nas ruas a temperatura é de 16°C. Uma delas me propôs mudarmos uma pra casa da outra durante esse período. Eu ri, mas pensei comigo "tá maluca?".
                                                                          *
Na aula, terminamos de ler o livro. Eu chorei no final. Livro triste. Ou é a vida, sei lá. 
                                                                          *
Na volta pra casa eu não me perdi nem um pouquinho, mas também colei em todo grupo que voltava pro mesmo lado que o meu. E mais uma vez ficou confirmada a teoria de que a volta é sempre mais rápida que a ida.
                                                                         *
Eu queria ter comprado um daqueles moletons com o nome da universidade escrito, seria legal. Mas não comprei porque não achei pra vender.

domingo, 28 de julho de 2013

Falando com a criança de 5 anos para se apressar para irmos ao beach club - é verão!

- come, come, come, come!
- how it says "come" in Portuguese?
- "bora"
- bôRRRa?
- bó-ra.
- ah! Bóra!
- That's correct, and speaking of it: bora, bora, bora, bora! 
- Relax! I'm bora... ing! 


Neologismo, a gente vê por aqui.

quinta-feira, 11 de julho de 2013

Sobre velhinhos e bêbados

Eu sempre falo no meu dedo podres pra homem aqui. Mas mesmo quando eu sou que a escolhida as coisas não são boas pro meu lado também não. Acho que nunca contei aqui o quando sou desejada por certo tipos de homens. "Certo tipos" leia-se bêbados e idosos

A clássica
Me lembro de uma vez voltando da aula no colegial em que eu fui atropelada por uma bicicleta. Atropelada.por.uma.bicicleta. Beijo Murphy! Me desequilibrei com o susto e o tombo e caí sentada no chão. Não me machiquei, não me ralei, nada aconteceu, só meu orgulho que ficou lá estendido no chão ao meu lado. Então ele veio. Chegou esbaforido, tinha atravessado a rua correndo quando me viu cair. Eu, na verdade, só me dei conta de que havia uma terceira pessoa na cena quando me vi sendo puxada exaustivamente pelo braço para que eu ficasse de pé. Enquanto ele me puxava, gritava e brigava com o ciclista-atropelador perguntando como ele podia ter feito aquilo com uma menina tão bonita. Estava bêbado. Percebi na primeira puxada que ele me deu, e eu, desatenta, não coloquei força alguma pra sair do chão. A cena que seguiu-se foi ele por pouco não caindo por cima de mim. Tudo isso deve ter acontecido em apenas um minuto ou dois, mas comigo tive a impressão de ter durado uma vida. O atropelamento, a queda, as puxadas no braço, os gritos do bêbado, as desculpas do ciclistas, as puxadas do bêbado, eu de pé, as puxadas do bêbado de novo, o bêbado me limpando, eu querendo ir embora, o bêbado me puxando outra vez, o bêbado gritando com o ciclista, nesse nível. No meio de toda aquela confusão, como numa cena  dramática de câmera-lenta de final de filme de sessão da tarde, a dentadura do bêbado cai no chão. Só nessa hora ele larga meu braço, pega a dentadura, limpa na bermuda, recoloca-a na boca e continua a tentar me limpar de uma sujeira imaginária que só existia na cabeça dele. Depois dos ânimos acalmados, o ciclista foi embora depois de me pedir um bazilhão de desculpas e o bêbado deve tá lá chorando de saudade até agora. Voltei pra casa pensando o caminho inteiro que aquele tipo de coisas era só comigo mesmo que acontecia.

Eu devia escrever todas as histórias de velhinhos e bêbados que eu já vivi ao longo dessa minha carreira. Tenho tantas delas que a ideia de criar o blog veio do meu irmão por todas as vezes que eu chegava em casa com uma história nova pra contar e que só aconteciam comigo. Porque, né, vai que ganho roteiro de novela da globo?

segunda-feira, 8 de julho de 2013

Trident ou saudade dolorosa numa madrugada de domingo


Eu abri hoje o pacote de trident que compramos juntos.
Compramos no aeroporto no ultimo dia que te vi.
É sabor melancia e o tenho comigo agora.
Guardei por 6 meses e não é mais o mesmo.
Está meio duro, deveria ser uma goma de mascar macia. 
Ainda é deliciosa, ainda tem um sabor forte de melancia e ainda, depois de alguma mastigação, consegue voltar ao seu estado original. 
Guardei o chiclete comigo. Diferente do seu cheiro.
Meu cérebro não guardou seu cheiro.



Isso não lá grande coisa, mas eu estou mesmo dizendo que chorei por que abri um pacotinho de chiclete.

:'(

sábado, 29 de junho de 2013

Preciso decidir minhas férias.

As opções:

1.
New Jersey - Philadelphia
Philadelphia – Boston
Boston – Chicago
Chicago - New Jersey


Esse são apenas os vôos, ainda teria que escolher as acomodações em cada um desses lugares, procurar o que vê em cada uma dessas cidades e me certificar de não perder nenhum voo desses entre uma cidade e outra. Pra não ter todo esse trabalho, existe sempre a opção de cruzeiro.

2.
Cruzeiro para o Canadá por 5 dias.

3.
 Cruzeiro para as Bermudas por 6 dias.


A parte triste de tudo isso será escolher em qual desses lugares minhas fotos de cabeça vão ficar mais apresentáveis. E um beijo pra você que também já viajou só.

quinta-feira, 27 de junho de 2013

Agora você veja como são as coisas, por mais que você se planeje, faça tudo certinho e com antecedência,  sempre vai ter aquela coisa que você não previu. Sempre vai ter aquele dia que você tem de tirar os óculos dos olhos pra não embaçar por conta das lágrimas.

                                                             ***


A pessoa elogiou seu sorriso. Mas você não se lembra de ter sorrido. Você só lembra dos motivos que você tem pra não sorrir. Se esforça pra lembrar a última vez que sorriu. Ah sim, naquele dia ao telefone com sua amiga. Você riu e depois chorou. Nessa ordem. E ela disse que ia ficar tudo bem, que coração partido é assim mesmo. Mas você não se lembra de ter sorrido pra aquela pessoa que elogiou seu sorriso. Deve ter sido bem rápido. Não lembra de ter sorrido. Acha até que esqueceu como se faz isso.

domingo, 23 de junho de 2013

Não. Eu não vou lá fora olhar a maior lua desde-não-sei-quanto-tempo. Não vou não, obrigada. Vou ficar aqui no meu quarto, lendo esse livro e tomando esse chá sabor limãoDepois eu vou ter de ler mesmo os cometários nas redes social de como ela estava enorme, linda e romântica.


Hunf.

terça-feira, 18 de junho de 2013

Quereres

Eu quero ter uma casa só minha. Ou apartamento, não importa muito. Quero ter um sofá grande e confortável, pra ver TV ou ler um livro. Visitas vão poder tomar sobremesas nele sem problemas, eu não vou brigar. Quero ter um mesa com 4 cadeiras. Mas quero uma redonda. Eu gosto de mesas redondas. Eu quero que a manteiga do café da manhã não esteja dura por que ficou na geladeira na noite anterior. Eu quero minha casa cheirando a café fresco na sala e um leve aroma de baunilha nos quartos. Eu quero muitas plantas, dentro e fora. Quero ter uma mini horta. Quero tomates, alfaces, coentros e pimentões plantados por mim, tudo orgânico e saudável. Quero que na sala de TV tenha uma TV. Mas será a única da casa toda. Quero que meu quarto seja um santuário. Quero um ar condicionado fazendo bem sua função por que eu quero morar em um lugar quente. Quero uma varanda. Quero uma rede na varanda. Quero deitar por 3 minutos na rede, por que eu sei que mais do que isso eu fico tonta. Mas eu quero a rede mesmo assim. Quero ter cortinas. Quero que fique claro quando quero e escuro quando quero. Quero cozinhar quibe de forno e servir com limões cortados em quatro. Eu quero arrumar meu guarda-roupa aos sábados pela manhã por que não tive tempo de fazê-lo durante a semana. Eu quero falar em inglês sozinha em frente ao espelho só pra não ter a impressão constante que esqueci de tudo. Quero ter uma estante grande pra colocar todos os meus livros. Quero negar convites e ficar em casa numa sexta feira à noite qualquer. Quero cozinhar com pouco sal, mas ter o saleiro à mesa, caso precise. Quero comer pipoca no chão da minha sala depois de um dia de muito trabalho. Quero ter um pendurador de chaves atrás da porta. Um daqueles que se compra como lembrança de uma viagem. Mas eu não vou usar, eu não acredito em pendurador de chaves. Eu quero levar minhas chaves sempre na bolsa por puro medo de esquecê-las. Eu quero ter uma banheira. Eu quero ter todos os cremezinhos para o corpo que deixam minha pele sempre tão cheirosa. Eu quero ter uma pia grande pra caber todas as minhas maquiagens. Quero usar cada cômodo da minha casa, isso é bom pro feng shui. E, eventualmente, eu quero dividir tudo isso com alguém. Eu quero dividir a pipoca na terça-feira, o aroma do café fresco, a manteiga macia pra pôr num pão quente, a única TV da casa, o pouco sal da comida, a rede da varanda e todos os meus quereres.

segunda-feira, 17 de junho de 2013

Eu me distrai por um momento e pensei em você. Foi muito rápido. Quase ninguém notou. Logo eu que tô agora imersa em qualquer coisas que leve minha mente pra longe de você. Mas me distrai, não prestei atenção. Eu juro, foi bem rápido. Só quem notou ainda não tem 2 anos de idade. Ela notou que eu me distrai e pensei em você. Ela viu a lágrima distraída que caiu. Ela estava distraída também, mas ela notou, nem sei como. Estava tudo calmo e tranquilo, talvez por isso me distrai rapidinho. Ela abraçou minha perna direita com aqueles bracinhos miúdos e não disse nada. Ela que agora fala tanto, não disse nada. Não falou, mas notou que eu tinha me distraído. Me esforcei pra não pegá-la em meus braços e apertá-la e ficar ali por mais de horas. Mas não, foi só um momento em que não me vigiei. Eu me distrai, foi rápido, mas agora vou ficar mais atenta. Prometo.

quinta-feira, 13 de junho de 2013

Feminismo, aborto e outras polêmicas

Meu bloguinho é pessoal. Fala de mim, nada mais. Não tenho pretensão de virar uma escritora um dia ou ter milhões de seguidores no twitter. Mas hoje o assunto não sou eu. Hoje o assunto é sobre todas as mulheres do Brasil. Eu sou feminista. Pronto, o post poderia terminar aí. Mas ainda assim estaria falando apenas de mim, certo? Errado. Ser feminista é se importar com a condição de TODAS as mulheres. Sem se importar com o credo, ou a etnia, ou orientação sexual ou número da calça que veste.

Falar sobre aborto, por exemplo, é polêmico, é delicado, é religião futebol e política. No dia 5 desse mês, foi aprovado na Comissão de Finanças da Câmera o tão (agora) debatido Estatuto do Nacituro. Ainda faltam algumas comissões para que ele seja uma realidade na vida dxs brasileirxs, mas eu não me surpreenderia se isso fosse aprovado. Let me get this straight, ninguém é a favor do aborto. Somos a favor da liberdade de escolha. Percebeu a diferença? É muito fácil para você que tem acesso à informação, internet, camisinha e educação sexual ser contra ao aborto. Mas e quem não teve nada disso? É aquela velha história sobre o vestibular: já que a educação básica é ruim, vamos selecionar apenas os 'bons' para a finalização dos seus estudos. E fica a pergunta novamente: e quem não teve oportunidade à educação, como faz? Mata todo mundo ué. Ou melhor, que virem todos meus empregados.

A conversa é longa. O papo é sério. É, como eu disse, tudo muito religião futebol e política. Você não me pediu, mas mesmo assim eu vou te dar um conselho: pesquise, investigue, leia, cresça. Não saia por aí repetindo frases feitas só porque o colega-do-parente-do-vizinho-do-seu-Antenor-da-farmácia-da-esquina te falou.


E já que o blog é meu mesmo, vou falar minha sincera opinião: Cara, não há nada mais sexy do que um homem feminista.

terça-feira, 11 de junho de 2013

Chegou

Chegou aquele dia onde sua alma pega gripe.
Não há remédio na farmácia que ajude a curar esse vírus.
Chegou aquele dia em que você tem de andar bem devagarinho pelas ruas.
Andar devagar e com medo de fazer movimentos muito grandes.
Chegou o dia de participar na vida real de um filme mudo e em preto e branco.
Um filme onde só sua alma gripada atua. Ninguém mais.
Chegou o dia que você não quer falar sobre. Nem dar bom dia ou dizer oi.
Chegou o dia de colocar os planos numa garrafa bem tampada com uma rolha e mandá-los pra uma ilha deserta. Ou ir junto com a rolha e deixar a garrafa.
Chegou o dia que você temia desde o inicio.
Chegou aquele dia de não ter pressa, por que o relógio continua sendo seu algoz.
Chegou aquele dia de cantar O que faltou ser.
Ou toda e qualquer música que te aponte pra sua triste realidade.

Chegou o dia de voltar no tempo over and over again procurando o que se fez de errado. 
E erro não há. Ou o certo. Ou o justo. Nesse dia não há nada.
Chegou o dia de voltar a ter certeza que vai morrer sozinha.



Chegou. Chegou. Você que tanto esperou. Finalmente chegou.




segunda-feira, 10 de junho de 2013

Fiz minha primeira aula de Pilates. Meu Deus como aquilo dói! Quero não. Senti músculos que nunca havia sentido antes na minha vida inteira. Nem sabia que existiam. 5 minutos depois da aula começa já me perguntei se já tava acabando. Sabia que na frente na batata da perna bem perto no pé tem um músculo? E que a professora vai te pedir pra esticar o máximo que você puder? E não esqueça de respirar. Depois pegue a bola. Achei que a gente teria um momento relax deitadinha na bola. Ledo engano. Estica-estica eterno. E contraia o bumbum e não esqueça de respirar. Agora fique aí flutuando no ar. Sem mãos no chão. Não encoste os pés também não. Flutue. E contraia a barriga e não esqueça de respirar. A aula terminou e o músculo da minha barriga ainda dói. Sofrimento em estado liquido dentro de uma hora. 

Vamos nos exercitar, galera. Amar tá difícil.

sábado, 8 de junho de 2013

"O que quer que aconteça amanhã, tivemos o hoje"

Você bem que me avisou. Eu que na verdade fingi que não era comigo. Fingi que não tinha sido avisada. Mas você falou, disso tenho certeza. Agora vou ali viver minha vida maneira. Você vai ficar bem, acredite. Eu só fiz bagunçar sua vida mesmo, não é? E todo mundo sabe o quanto você odeia bagunça. Vou ali, tá? Já estava tudo mesmo sem cor. Agora eu vou ali sentir as coisas ficarem sem sabor. Ali. Mais pro lado de lá. O lado mais longe. Mas você me avisou disso tudo. Eu tô sabendo. Agora eu vou ali esperar outubro chegar. 

E quando ele chegar, não vai fazer diferença nenhuma.
Que eu sou fresca nunca escondi de ninguém. Minha mãe diz que sempre fui assim, desde pequenininha. Tenho nojo de tudo. Tenho ânsia de vomito quando vejo muito cabelo junto. Mesmo que o cabelo seja meu. Pia suja com resto de comida? S-O-C-O-R-R-O.
Eu podia fazer uma lista que continuaria até amanhã, contando todas as frescuras do mundo que me afligem. Mas não vou destruir na cabeça de vocês a imagem de uma menina legal e forte que vocês devem guardar. Ou qualquer dia desses destruo mesmo e vocês que convivam com isso.

sexta-feira, 7 de junho de 2013

Sentei ao lado de um colega de sala pra fazer uma atividade qualquer. Assim que sentei, ele me mostrou seus óculos quebrados. Ele disse que tinham acabado de quebrar. Estava partido ao meio. Fiquei triste. 

A regra é clara, meninos: óculos e barba, tá? 

A atividade seguiu normalmente e nada mais foi dito sobre o assunto. Duas semanas depois eu vi que aquele colega tinha óculos novos. Era um dia chuvoso e eu usava leggings e botas cano alto. Escrevi num papel que estava feliz por ele ter comprado óculos novos. Ele me escreveu de volta dizendo que tinha gostado muito era da minha calça apertada.

Então não, coleguinha. Não me importo mais com os seus óculos novos. Quero que você ande pelas ruas sem eles e tropece numa pedra bem grande e machuque seu dedinho midinho do pé direito. Isso. E quando tudo isso acontecer, lembre-se que foi porque você fez um comentário machista e desnecessário. 

segunda-feira, 3 de junho de 2013

sexta-feira, 24 de maio de 2013

Época de faculdade

De frente com uma professora carrasca que estava dando as notas e os pareceres individualmente para todo os alunos no final do semestre:

- É... Seu caso está complicado. Você fez apenas 7 das 18 atividades que eu passei.
- É pró, eu sei. Tô passando por uma fase muito difícil. Acabei de terminar um namoro, nem sei como consegui terminar esse semestre...
- Quanto tempo durou? -perguntou ela bem interessada
- Quase 3 anos.
- Bom, imagina no meu caso que foram quase 20...


O coração partido da professora me fez passar com 7 naquela disciplina.

quarta-feira, 22 de maio de 2013

A Casa das Sete Mulheres

Me lembro quando assisti ao primeiro capítulo da mini-série A Casa das Sete Mulheres. Apesar de não temos o costume de ficar acordadas até muito tarde, eu e minha irmã, fomos pegas pelas chamadas durante toda aquela segunda feira. O primeiro episódio começou. Se passa no Sul do Brasil. A gente já tinha ido visitar aquele estado que ambientava a mini-série. Eu me lembro que foi o melhor primeiro episódio do mundo. Bom, pelo menos parecia, agora que olho pra trás e quase vejo a gente gritando como loucas. Nós gritávamos por que foi tudo muito emocionante. Cenas rápidas e bem feitas, muita aventura, romance, drama, mortes, e tudo assim, num capítulo só. A gente gritou muito quando o Thiago Fragoso, montando num cavalo, salvou a Mariana Ximenes de algum perigo. Bom, pelo menos é assim que minha memória guarda. Eu e minha irmã batíamos palmas, gritávamos, e quase pulamos da cadeira nos momentos mais emocionantes. Tudo lindo.

A mini-série não seguiu sendo tão boa quanto aquele primeiro capítulo e nem isso importa muito à minha narrativa. Mas de algo que me lembro bem é da Camila Morgado. Acho que foi o primeiro papel dela na TV, não sei. Não tenho memórias delas antes disso. Eu, desde aquela mini-série, achei ela uma atriz incrível. Mas isso também não vem ao caso.

A Camila Morgado se apaixona pelo Thiago Lacerda, o Garibaldi. Ela moça jovem, cheia de sonhos, quer namorar, noivar, fazer o enxoval de renda, casar e ter uma porção de filhinhos. Ele, homem da guerra, também se apaixona por ela. Os dois vivem um romance bem puro durante um curto período de tempo. Ao menos eu gosto de lembrar assim. 

Garibaldi tem de ir pra guerra, tem de lutar, mudar o mundo com a revolução, aquela coisa. Eu lembro de uma cena com ele tentando ensinar a Manuela - Camila Morgado - como segurar uma arma e a atirar. Ela se assusta com o som alto da arma e numa atuação até bem feinha, dá uma rodopiada e cai nos braços do Thiago Lacerda e os dois riem bastante. 
Ele percebe que Manuela é muito doce e muito menina ainda pra ir para a guerra, e ele não permite que ela o acompanhe. Entre lágrimas e promessas de eu volto pra te encontrar, Garibaldi vai pra guerra deixando a linda Manuela em casa com aquele monte de irmã e parente que ela tinha.

Muito muito tempo se passa, não lembro quanto. Mas o que eu lembro bem é dos olhos da Camila Morgado se enchendo de lágrima. Aquele tipo de lágrima que o ator não faz nenhum esforço pra cair. Aquela lágrima que aparece do nada. Aquela que cai no meio do olho, não nos cantos. Gosto desse tipo de lágrima. A Carolina Ferraz também sabe fazer muito bem. Então, a Camila chorou algumas lágrimas como aquela porque ela sentiu de alguma maneira que algo havia acontecido. O diálogo foi mais ou menos assim:

- Por que choras, Manuela?
- Ele está longe...
- Mas é claro que está, sua boba (risos)! Ele viajou há tantos meses é claro que ele está muito longe!
- Não... o coração dele é que está longe....

A próxima cena é Garibaldi acabando de conhecer a Anita e os dois rindo por alguma bobagem.

O.coração.dele.é.que.tá.longe.

Posso até parecer meio boba quando você olha pra mim pela primeira vez, mas não sou não. Assim como a Manuela, eu sei sentir coisas mesmo de longe. Eu sei quando o coração de alguém se afasta. Eu posso nem falar nada. Mas eu sei.

domingo, 19 de maio de 2013

Festas de despedida


Estou morando aqui nos Estados Unidos há um ano. É, passou rápido, quase nem vi. 

Mentira. Vi tudo.

Eu estou bem, está tudo muito bem. Não tenho muitos motivos para reclamar, a não ser que... Eu não tenho mais nenhuma amiga aqui que eu conheci a um ano atrás. Essa é de longe a coisa que mais me entristece. Eu conto nos dedos de uma mão só os amigos americanos que eu fiz, todos os outros são intercambistas como eu, que cedo ou tarde terão de voltar pros seus devidos países.

Na sexta-feira eu fui pra mais uma festa de despedida. Mais uma. Tô ficando bem cansada disso. Tinha uma banda bem legal tocando. As músicas eram populares nas rádios e eu dancei e cantei todas elas. Todo mundo estava muito bem vestido, maquiado e cheiroso. Uma amiga anotou o telefone dela em um guardanapo e deu pro vocalista da banda depois que eles flertarem quase o show inteiro. Tiramos muitas fotos. O produtor da banda também tirou muitas fotos nossas. Deve está exposta em algum website da banda nesse exato momento. Mas era uma festa de despedida. Era uma festa de despedida. Alguém comprou uma bandeira dos Estados Unidos no Walmart e levou para que todos assinassem e escrevessem coisas fofas para a garota que partia. Eu fui a primeira a escrever. Não escolhi, simplesmente me deram. Eu escrevi uma bíblia. Entre as cores vermelha e branca da bandeira americana, eu usei toda uma linha branca só pra mim. Eu fiz carinha de triste no último abraço que ela me deu, mas bastou que eu a visse desaparecendo pela porta da boate que me dei conta que eu não tenho a menor previsão de quando a verei novamente. Eu não sei quando irei a Paris.  Ela não tem planos de ir ao Brasil. Chorei compulsivamente. Recebi um abraço em grupo e um abraço dentro abraço de quase 15 minutos. Fiquei lá, pensando nessas despedidas que a vida me reservou.


No dia seguinte já havia outra festa agendada, um jantar. Outra festa de despedida. Aceitei no meu coração enquanto saía do banho que eu não repetiria a cena da noite anterior. Que eu iria aproveitar o máximo de tempo com a pessoa que estava partindo e fingir que estava tudo bem com o fato de mais alguém que tanto gosto estar indo embora.
Arrumei meus cabelos, minha maquiagem demorou 30 minutos pra ficar pronta, vesti meu vestido tubinho floral curto e com bolsinhos, calcei meu salto de frente arredondada e lacinho marrom, vesti meu melhor sorriso e saí de casa. 

Falei com todas as pessoas que estavam no bar aquela noite. Todas elas falaram comigo. Falei sobre a copa do mundo, as olimpíadas, sobre a Dilma, sobre baseball, sobre o american way of life, sobre ser professora, sobre sotaques, sobre comportamento feminino ao redor do mundo e sobre uma porção de outras coias que não vou lembrar agora.  As amigas brasileiras ensinaram  para as amigas estrangeiras a expressão "me dá esse mel" e foi bem engraçado ver todas elas me tocando enquanto perguntavam where was my honey.

Foi divertido. Foi leve. Era uma festa de despedida, mas estava permitido ser feliz. 

sexta-feira, 3 de maio de 2013

Papo de menina

Quando eu tinha 12 anos, eu fui para um mini hotel com a minha família passar um feriado desses qualquer. O local era bem bonito e minha mãe sempre levava um bocado de lanches já prontos e gostosos pra a gente aproveitar bem o passeio sem se preocupar com muita coisa. Eu e meus irmão passamos o dia inteiro na piscina desse hotel. O que ninguém sabia era que também passei o dia inteiro sentindo dor na barriga. Como toda criança que não tinha piscina em casa, entrei na piscina e só saia de lá ou para ir ao banheiro ou para beliscar algumas das guloseimas que mamãe havia trazido. No dia seguinte, já em casa, veio a menarca. Descobri que a dor que senti durante todo o dia anterior, era na verdade cólica. E tem sido assim, desde os meus 12 anos e em todos os meses.

Na sétima série, meu pai deve ter ido me buscar na escola todos os meses do ano letivo. Deve ter sido. Eu sabia que iria sentir a dor, mas eu não podia faltar aula por conta de algo que ainda não havia acontecido. "Se você sentir dor, eu te pego. Mas agora, se arrume e vamos pra aula". No colegial, aconteceu mais ou menos o mesmo, a diferença era que eu já podia escolher se iria ou não iria à aula. Além do mais, nem sempre tinha pai disponível para me levar para casa. E eu sempre escolhia ir. Eu ia para o colégio sabendo que iria sentir dor, mas eu tinha esperanças que talvez eu pudesse suportar aquele mês. Não podia. Voltava pra casa andando bem devagarzinho, com medo de a dor se espalhar por todo corpo. 

Houve apenas um único mês em todo esse tempo em que eu não tive essa dor. Eu devia ter uns 16 anos. A cólica foi substituída por uma dor nas costas. Mamãe chamou aquilo de 'dor nas cadeiras'. Eu adorei aquele mês em que não tive cólica. Me senti chiq, sabe. Achava chiq ter 'dor nas cadeiras'. Eu andava e era uma dor fina que meu corpo sentia de acordo com meus movimentos, ou quando levantava de onde estava sentada. Era uma dor prazerosa. Depois daquele mês, voltei a sentir cólicas novamente.

Minha mãe me disse que quando ela era mais nova, ela ia parar em pronto-socorro, ficava amarela, desmaiava, um horror. E eu sempre pensava comigo mesma em como seria quando eu arrumasse um emprego. Será que meu chefe iria me liberar pelo menos uma vez por mês por conta dessa dor que me atormentava? E de um tudo eu já tentei para parar de sentir isso. Houve um tempo em que eu tomava um comprimido depois do banho, tirava um cochilo e acordada boa. Era quase um ritual. Depois parou de funcionar. Me lembro de tomar 3 pírulas de uma só vez e nada. Cheguei no fundo do poço quando pedi murrinhos no pé na barriga ao meu cunhado. Ô vida.

Não acho que ninguém se acostuma com a dor. Nenhum ser humano gosta de sentir dor. Ah, vem cá dor-amada, quanto tempo tem que você não aparece, vem tomar uma xícara de chá aqui comigo. Não, não é assim. Acho que a gente se prepara para ela. A gente se adéqua para quando ela chegar. A gente aprende a conviver. Porque dor nunca vai ser algo normal ou natural. Nunca vai ser recebida com festas e balões.

Hoje eu sei exatamente quando vou sentir dor. Eu sei que vou sentir e por isso aguardo. Tenho os remédios sempre à mão: são para efeito psicológico porque na prática eles não ajudam lá muito. O meu horário é reajustado para que eu fique o máximo de tempo paradinha, por que ainda hoje eu acho que a dor vai invadir todo meu corpo. Me organizo. Eu me ajeito e aguardo. E a dor vem. A dor sempre vem.