terça-feira, 11 de junho de 2013

Chegou

Chegou aquele dia onde sua alma pega gripe.
Não há remédio na farmácia que ajude a curar esse vírus.
Chegou aquele dia em que você tem de andar bem devagarinho pelas ruas.
Andar devagar e com medo de fazer movimentos muito grandes.
Chegou o dia de participar na vida real de um filme mudo e em preto e branco.
Um filme onde só sua alma gripada atua. Ninguém mais.
Chegou o dia que você não quer falar sobre. Nem dar bom dia ou dizer oi.
Chegou o dia de colocar os planos numa garrafa bem tampada com uma rolha e mandá-los pra uma ilha deserta. Ou ir junto com a rolha e deixar a garrafa.
Chegou o dia que você temia desde o inicio.
Chegou aquele dia de não ter pressa, por que o relógio continua sendo seu algoz.
Chegou aquele dia de cantar O que faltou ser.
Ou toda e qualquer música que te aponte pra sua triste realidade.

Chegou o dia de voltar no tempo over and over again procurando o que se fez de errado. 
E erro não há. Ou o certo. Ou o justo. Nesse dia não há nada.
Chegou o dia de voltar a ter certeza que vai morrer sozinha.



Chegou. Chegou. Você que tanto esperou. Finalmente chegou.




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