domingo, 24 de março de 2013

Sobre envelhecer

Conversando com a garotinha de 5 anos, levantei sem muito cuidado de uma cadeira:
- Ouch!
- What happened? 
- My back hurts.
- Oh, It's ok... It's because you're getting old...

Cantei na minha cabeça em ritmo de pular corda: ♫  A rea-li-dade bateu em minha por-ta e eu abri! Senhoras e senhores ponham a mão no chão... ♫ 

                                                                              ***

Foi, na verdade, o segundo aniversário que passei longe de casa. Ano passado eu fui pro Riodejanêro tirar o visto americano e até conheci a Ju pessoalmente Esse ano tinha tudo pra dar errado, mas não deu. Digo isso porque uma das minhas primeiras expressões externas de sentimentos, seja ela de alegria ou de tristeza é o choro. Lembro sempre de minha amiga falando 'mas porque dá vontade de chorar, meudeusdocéu? Isso é coisa boa!' Mas dá, fazer o quê? Então quando me notei num país estranho (moro aqui a quase um ano), com uma língua estranha (que já consigo falar) e longe de um monte de gente que gosto (aqui eu também sou popular, beijos!), já foi motivo para que eu entrasse no período de luto que antecede todos os meus aniversários. Para piorar, o inverno astral - os 30 dias que antecedem seu aniversário (Astrologicamente e besteiramente falando) - veio à galope esse ano: 

- passei quatro dias sem falar, tossindo, catarrando e quase morrendo na pior gripe da história dos meus doces 26 anos.
- tive aquele dia onde absolutamente t.u.d.o deu errado: dei lavagem ao macaco, banana pro porco, osso pro gato, sardinha ao cachorro, cachaça pro pato e entrei no chuveiro de terno e sapato.
- A garotinha de 5 anos burlou o children's lock e abriu a porta do carro enquanto eu dirigia. Nada aconteceu. Mas o susto que tomei. O.susto.que.eu.tomei.

Eu tinha duas opções: deitar na cama bem encolhidinha e chorar até começar a chorar suor, ou deixar a vida me levar pra onde, sem dramas, eu teria de ir de qualquer jeito.

Escolhi a segunda, né? Mas não sem a grande ajuda da minha amiga, que sabendo de tudo isso, se fazia presente (mesmo longe) dias após dia, me perguntando e querendo saber como e se as coisas já haviam melhorado. Decidi, então, apenas com uma semana de antecedência, comemorar.

A festa foi um sucesso. Muita comida, muita bebida, muita gente. Muitas brincadeiras do tipo 'verdade ou desafio' e 'eu nunca' pra destruir a dignidade alheia. Eu não dirigi. Pude beber a única cerveja (cof) que se estivesse dirigindo não beberia :P. Meu "parabéns para você" foi cantado em 6 línguas <3. Fiz a coisa que mais gosto no mundo todo: bater papo. Falei, comi, bebi, e ensinei dois passinhos de samba <3.

Dois dias antes da minha comemoração, eu recebi flores envidas do Brasil e um texto lindo e muito bem escrito, feito com um moooooonte amor e sensibilidade, um outro texto do garoto que eu gosto (que foi ovacionado publicamente na rede social), um bocado de mensagens de amor dos meus que estão tão longe e a minha primeira festa surpresa e à distância!

Entre a dor nas costas e o sorriso que dei sozinha às 3 da manhã na volta pra casa, passou-se muito tempo. Gosto de ter 26 anos. Vou mudar minha descrição do blog, ela agora já tá antiga.

4 comentários:

  1. Poderia mudar também o título do post: ele fala, na verdade, "sobre ser amada". :}

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  2. Muito amor concentrado nessa imagem da festa. Aniversários pra mim sempre tendem mais pra melancolia do que pra euforia. Estou confirmando essa teoria aos poucos.

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    1. não Felipe! vocês está errado! no seu caso, tendo a crer que você será igual a vinho: quanto mais velho melhor! ;)

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