No telefone

- Alô?
- Alô.
- quem tá falando?
- quer falar com quem?
- ah, você sabe quem tá falando, tente lembrar...
- bom, antes me diga quem é você.
- pergunte antes, võcê pode descobrir por si só.
- hum... quantos anos você tem?
- quantos anos você acha que tenho?
- hum... mais de 40?
- você acha que tenho mais de 40?
- não sei... acho que você ligou errado.
- bom, eu acho que não. não é o 3240xxxx? Tente mais, faça mais perguntas.
- érrr... você tem sotaque, você não é daqui, é?
- boa menina! eu não sou de Salvador, viu? Pergunte mais!
- ah, eu não quero mais perguntar... e se você for o maluco da machadinha?
- hahahahahhaha, adorei! mas olha, eu não sou não. Vou te dar uma dica: eu sou de perto.
- "de perto, de perto, de perto" alguém que é de perto e que não é de Salvador... não faço ideia de quem seja você. ah, poxa, eu vou desligar, você não vai falar é?
- você já tava quase acertando! tá bom: é da casa da Ana Lúcia?
- hahahahahahaha tá vendo? eu disse que você ligou errado!
- ai, meu Deus!
- olha, quando falar com a Ana lúcia, mande um beijo tá? E outro pra você, tchau.




Porque eu?

Filme repetido

E quando você reconhece no outro, algo tão parecido quanto a si próprio? Você sabe exatamente como fazê-lo sorrir, sabe exatamente o que fazer para agradar, sabe exatamente fazê-lo apaixonar... Mas não é isso que você quer, não quer encantá-lo mais do que necessário, por que você sabe, você sabe, que lá na frente você o fará sofrer, você sabe que não seria a maneira mais pura de fazê-lo ama-la.  Mas você continua, você simplesmente continua, não vá se culpar no futuro, porque você já o havia previsto.


Esse futuro é só algo que você já viu.
Não se culpe por ele.
Não se culpe por ele.
Não se culpe por ele.

Para olhar o Universo

Hoje é o dia que meus óculos novos chegam. Estou tão ansiosa que sonhei com isso. Sonhei que eu os usava e começava a enxergar tudo certinho! Mas, peraí? Os óculos não servem pra isso?
Tá, eu vou explicar: eu tenho um olho muito muito muito bom e o outro é "podji". O olho bom supera o olho ruim em tudo e acaba fazendo todo o trabalho. O olho ruim é ruim porque tem uma carne que atrapalha ele, um pterígio. "E porque então você não tira essa carne Maeve?" Eu já tirei. Três vezes. Aos 9, 15 e aos 23 anos, todas as vezes ela voltou a crescer e a ficar bem perto da córnea.

Bom, essa história toda é só pra contar que eu SEMPRE quis usar óculos. Sempre, sempre! Achava chic, sabe? Me lembro que quando era pequena eu ficava vendo televisão a alguns centímetros da tela porque me disseram que "fazia mal". Mas é aí que entra essa nova garota que vos fala, o medo do novo que costuma me paralisar, me fez esquecer o meu  desejo tão grande de ser chic e que até pouco tempo só pensava: "óculos, como assim óculos? Nunca usei óculos em toda minha vida!"
Ainda estou ansiosa, e como os meus novos óculos são lilás eu pintei a minha unhas de roxinho essa semana em pura homenagem. Então, eu vou lá na ótica pegar minha novidade e sair de lá chic como nunca!

Deus sabe o que faz

Se saudade matasse.

Ai, se saudade matasse...

Gaga, eu?

Quando você está se preparando pra um intercâmbio você faz duzentas e trinta e sete entrevistas em inglês antes de ir, pra que eles saibam se você não vai morrer de fome lá, né?
Mas quando seu telefone toca e você vê o DDD de outra cidade ou outro país o que ocorre:


a) Se pergunta qual será o call center ligando daquela vez.
b) Você fica feliz por mais uma etapa vencida.
c) Começa a tremer loucamente e gaguejar como se nunca houvesse pronunciado uma única vez aquele idioma.
d) Todas as respostas anteriores.

Neste domingo, aniversário da minha mãe, depois de almoçarmos fora, fomos todos ao quarto dela desfrutar de sua doce companhia e deitar em sua cama. Deitei bem ao lado do meu irmão enquanto ele conversava alguma coisa sobre ficar rico um dia. Mas, "feminina-mulherzinha e mimimi" que sou, não pude deixar de reparar no nariz dele cheio cravinhos; disse:


- Binho, seu nariz está cheio de cravos...
- ...
- ...
- Bom, pelo menos meu coração não tem buraquinhos.






Ou seja.

3° dia

Eu podia ter começado a escrever no blog (no primeiro post de 2012) sobre como esse ano promete, como eu tenho aflição dele, mas sinto aflição por esperara-lo tanto, como esse ano é a realização - finalmente - de um sonho fecundado e gerado a mais de 7 anos atrás. Eu poderia ter escrito como eu me sinto ansiosa só de pensar que vou morar em um outro país, falando uma uma outra língua vivendo uma outra cultura junto a uma família diferente da minha.


Mas optei por escrever sobre/para alguém. E impressão que eu tenho é que mesmo quando escrevo sobre mim, estou falando dele (e isso muito me irrita).
Mas é isso. Eu que já havia dito que não escreveria mais para que não lessem, volto atrás humildemente, porque não adianta mentir ou se enganar... Não adianta. 
E olha que eu tentei.
Vou continuar escrevendo na proporção que sinto, exatamente como fiz em todo 2011, e que Deus nos ajude.

Ela / Ele

Essa é a história de uma garoto e uma garota, 

mas, diferente da música, 

isso não é uma história de amor.

"Ela via o mundo
Ele via o mundo
Viam sob a mesma luz
Isso é tudo, e era tudo que havia entre os dois em comum"

Carta aberta 2

(E eu tenho certeza que esse não é um bom momento pra escrever nada, principalmente a alguém. É a segunda vez que faço uma carta aberta, mas essa é de longe a mais complicada. Escrevo muito e não posto no calor do momento, hoje porém, proponho -me a fazer diferente):


Eu me puni por ter dado o primeiro passo,
Eu me puni por ter gostado muito dos carinhos,
Eu me puni ter fingido que não era nada,
Eu me puni por ter substituído tantas e tantas vezes,
Eu me puni por ter negado tanto tempo,
Eu me puni por ter assumido tão abruptamente,
Mas acima de tudo, eu descobrir que punições de nada adiantam.