terça-feira, 13 de maio de 2014

Quando eu entro em casa, tudo que eu quero é entrar em casa, nada mais. Não quero dar boa noite, não quero contar como foi meu dia, eu não quero nem comer. Apenas entrar em casa.
Daí eu quero ir pro quarto e sentar na cama por alguns minutos decidindo se tomo banho naquela hora ou alguns minutos a frente. Depois do banho eu quero um pouco mais de silêncio pra trocar de roupa e colocar um pijaminha confortável. Bom, aí sim, eu posso dar um boa noite. Ou comer. Ou contar como foi meu dia.

Não é você, mãe, sou eu. É que quando eu entro em casa, tudo que eu quero é entrar em casa. Nada mais.

segunda-feira, 12 de maio de 2014

- Eu odeio quando você tem de ir. Você vai e tudo fica silêncio. E quando você vai embora eu quase consigo sentir a presença do vazio.
- Que metáfora bonita.
- Não, não é uma metáfora.

=)

domingo, 11 de maio de 2014

No casamento da minha irmã foi assim do mesmo jeito que foi hoje. Meu primo chegou perto de mim e perguntou o que havia de tão diferente em mim. Eu sorri e disse que não era nada, devia ser a maquiagem e meus cílios postiços-longos. Ele disse que não, que eu estava, hum..., feliz demais. Falou até como se fosse algo ruim, mas depois se retificou e disse que nunca havia me visto daquele jeito "e olha que você é a pessoa mais alto astral que eu conheço". Mostrei pra ele com meu indicador direito, vestido de terno e gravata verde, o motivo da minha tão grande felicidade.
Na festa do meu aniversário desse ano, meu primo falou novamente o quanto eu estava feliz, e olha que eu não fazia nada a não ser comer um pedaço do bolo salgado que minha mãe tinha preparado. Dessa vez não precisei apontar, ele estava sentado ao meu lado.
Hoje, no café da manhã em família, eu apenas recebi meu primo, como fiz com todos os tios, tias e primo: com sorrisos e abraços. Mas ele viu. Disse que meu sorriso não cabe em minha boca desde do casamento da minha irmã.

terça-feira, 6 de maio de 2014

João e eu

Lá na escola, bilíngue, canadense e chiq que trabalho, não é permitido colocar crianças "de castigo". Então, eu sempre coloco a criança pra 'descansar um pouquinho', porque eu acho que crianças que fazem muitas traquinagens coisas que não são auspiciosas aos olhos adultos, devem ficar muito cansadas.
João é muito rápido:
  1. Tudo na mão dele vira arma,
  2. Ele é bem intenso com as mãos,
  3. Encontrei ele no shopping uma vez; pai e a mãe corriam atrás dele como loucos.
  4. João fala tudo bem explicadinho
  5. Bate.
  6. Já passou da fase de morder, mas baba absolutamente tudo.
  7. João tem apenas dois anos.
Pronto, agora que você conhece mais ou menos o João, vamos ao caso.
 
Ontem eu estava arrasada muito triste porque algo muito ruim que eu fiz. Era segunda feira e segundas feiras por si só não são felizes. Todo mundo percebeu que eu estava triste. Duas coisas que eu não sei fazer: mentir e fazer uma cara sem sintonia com meu coração. Mas enfim. O dia começou e João fez absolutamente tudo que está listado acima, e ainda nem eram 10 da manhã. Eu sentei ele no vazinho sanitário que tem na minha sala e disse que ele precisava descansar. Que todo mundo precisava descansar. Que às vezes a gente faz coisas que não queria, ou não entende muito bem por quê faz, mas que aquilo não era motivo pra deixar outras pessoas ao redor triste. Que ele iria crescer um dia e aprender que não é batendo no outro que lidamos com nossas próprias frustações.
 
Eu falei isso tudo em inglês. João apenas me olhou com cara de conjunto vazio.
 
Quando fui tirar ele do castigo descanso eu não consegui explicar pra ele que ele precisava me pedir desculpas, só chorei. João me abraçou e disse com a melhor vozinha de criança do mundo "me dicupa eu não vou fazer de novo, eu prometo, tá bom?".
 
20 minutos depois ele fez de novo. Mas ele vai crescer, vai aprender... Eu é que já tô grandinha...