quarta-feira, 27 de março de 2013

- Como assim? Então você gostava de mim e não quis ficar comigo porque você sabia que eu iria viajar?
- Achei que tinha deixado isso claro, na época. Esse foi o ÚNICO motivo.
- É... não, não deixou.

Ruído na comunicação. Poderia ter evitado o MÊS que passei andando de cabeça baixa pela rua.

Que chato.

terça-feira, 26 de março de 2013

- Olha, eu não acho que você deveria ter perguntado nada pra ele sobre a situação de vocês, era só aproveitar o tempo que ainda restava e viver um dia de cada vez. Garanto que ele tá fazendo o mesmo.
- Mas eu precisava saber o terreno que estou pisando. Agora sei que nós não estamos namorando.
- Sim, mas no que isso ajudou? Você tá aí agora sofrendo...
- Mas, Maeve, o fulano não fala de sentimento, ela não fala nada de nada, o máximo que ele me chamou foi de 'valantine' no Valantine's Day. Eu não sou como você, sua funcking sortuda, que o cara diz que te ama e escreve o texto mais lindo do mundo na sua timeline.


"Funcking sortuda". Será mesmo?

segunda-feira, 25 de março de 2013

Hanging out com os amigos lá na minha festa de aniversário. Umas das meninas começou a falar sobre o garoto que ela estava saindo a quase dois meses. Ele mora em outro estado e estava em Jersey à trabalho. Ele teria de voltar mais cedo ou mais tarde, ela sabia, ele sabia, aquela coisa. Ela se apaixona, ele tem de ir, aquele drama. Ela quer saber como vão ficar, ele não falou nada sobre isso até agora, hoje é o último dia dele na cidade, aquele clichê. Ele mora a cinco minutos dela, ele chega na festa (acompanhado de mais 2 amigos) depois de meia noite de uma sexta feira. Estavam trabalhando. Aquela mentira.

O que passava na minha cabeça era como estava tão claro pra mim que aquilo já tinha acabado e só ela, tadinha, não viu. Ele estava praticamente falando que 'não, o problema não é você, vai ser a distância, kuatchá, kuatchá'. E olha que de pé na bunda eu entendo.

Só tinha um cara na festa até então, ela perguntou pra ele, visão masculina, o que ela deveria prever. Ele falou em voz alta exatamente a mesma coisa que eu pensei. A.mesma.coisa.

No final da festa, o veredicto:

- Então, fulana, eu definitivamente gostaria de continuar te conhecendo um pouco mais... A gente mantém contato.


domingo, 24 de março de 2013

Sobre envelhecer

Conversando com a garotinha de 5 anos, levantei sem muito cuidado de uma cadeira:
- Ouch!
- What happened? 
- My back hurts.
- Oh, It's ok... It's because you're getting old...

Cantei na minha cabeça em ritmo de pular corda: ♫  A rea-li-dade bateu em minha por-ta e eu abri! Senhoras e senhores ponham a mão no chão... ♫ 

                                                                              ***

Foi, na verdade, o segundo aniversário que passei longe de casa. Ano passado eu fui pro Riodejanêro tirar o visto americano e até conheci a Ju pessoalmente Esse ano tinha tudo pra dar errado, mas não deu. Digo isso porque uma das minhas primeiras expressões externas de sentimentos, seja ela de alegria ou de tristeza é o choro. Lembro sempre de minha amiga falando 'mas porque dá vontade de chorar, meudeusdocéu? Isso é coisa boa!' Mas dá, fazer o quê? Então quando me notei num país estranho (moro aqui a quase um ano), com uma língua estranha (que já consigo falar) e longe de um monte de gente que gosto (aqui eu também sou popular, beijos!), já foi motivo para que eu entrasse no período de luto que antecede todos os meus aniversários. Para piorar, o inverno astral - os 30 dias que antecedem seu aniversário (Astrologicamente e besteiramente falando) - veio à galope esse ano: 

- passei quatro dias sem falar, tossindo, catarrando e quase morrendo na pior gripe da história dos meus doces 26 anos.
- tive aquele dia onde absolutamente t.u.d.o deu errado: dei lavagem ao macaco, banana pro porco, osso pro gato, sardinha ao cachorro, cachaça pro pato e entrei no chuveiro de terno e sapato.
- A garotinha de 5 anos burlou o children's lock e abriu a porta do carro enquanto eu dirigia. Nada aconteceu. Mas o susto que tomei. O.susto.que.eu.tomei.

Eu tinha duas opções: deitar na cama bem encolhidinha e chorar até começar a chorar suor, ou deixar a vida me levar pra onde, sem dramas, eu teria de ir de qualquer jeito.

Escolhi a segunda, né? Mas não sem a grande ajuda da minha amiga, que sabendo de tudo isso, se fazia presente (mesmo longe) dias após dia, me perguntando e querendo saber como e se as coisas já haviam melhorado. Decidi, então, apenas com uma semana de antecedência, comemorar.

A festa foi um sucesso. Muita comida, muita bebida, muita gente. Muitas brincadeiras do tipo 'verdade ou desafio' e 'eu nunca' pra destruir a dignidade alheia. Eu não dirigi. Pude beber a única cerveja (cof) que se estivesse dirigindo não beberia :P. Meu "parabéns para você" foi cantado em 6 línguas <3. Fiz a coisa que mais gosto no mundo todo: bater papo. Falei, comi, bebi, e ensinei dois passinhos de samba <3.

Dois dias antes da minha comemoração, eu recebi flores envidas do Brasil e um texto lindo e muito bem escrito, feito com um moooooonte amor e sensibilidade, um outro texto do garoto que eu gosto (que foi ovacionado publicamente na rede social), um bocado de mensagens de amor dos meus que estão tão longe e a minha primeira festa surpresa e à distância!

Entre a dor nas costas e o sorriso que dei sozinha às 3 da manhã na volta pra casa, passou-se muito tempo. Gosto de ter 26 anos. Vou mudar minha descrição do blog, ela agora já tá antiga.

domingo, 17 de março de 2013

11 meses e 28 dias

Ela é um ano mais nova que eu. Não, não, são 11 meses e 28 dias, não é nem um ano completo. Eu sou um centímetro mais alta que ela. Ela é talvez 30 quilos mais magra que eu. Somos do mesmo signo, mas nem por isso somos iguais. Umas daquelas histórias que fazem a astrologia dar uma coçadinha na nuca. 

Sempre tivemos grupos de amigos distintos, ela com as meninas mais novas e eu com as meninas mais velhas. Nossas brincadeiras eram diferentes, e mesmo quando brincávamos juntas, cada uma tinha funções também diferentes. Tínhamos a casa da Barbie toda, cada cômodo, e minha função era arrumar a casa no inicio da brincadeira. Colocava a banheira, a cama, o Ken, tudo lá, ajeitadinho e no lugar certinho, depois cansava e ia chamar ela: "tá pronto!". Então ela vinha e começava a brincadeira. Era ela quem dava vida ao relacionamento dos sonhos, na casa dos sonhos. 

Mas isso nem de longe se compara com a sua personalidade forte. Ela aprendeu desde cedo a lutar pelo que queria. Sempre foi a mais intrépida, a mais independente, a mais mais. Ela tirou a habilitação antes de mim e, por diversas vezes, ia me levar e buscar nas festas que eu ia com meus amigos. Ela terminou a faculdade e o mestrado antes de todo mundo, enquanto eu estou em outro país tentando descobrir como é que funciona esse negócio chamado vida. Ela decidiu desde de muito cedo o Deus que ela queria servir e acho que foi a decisão mais sábia  de sua vida. Ela vai casar ano que vem com um rapaz lindo, com quem se relaciona a mais de 8 anos, enquanto eu ando por essas ruas geladas com meu coração trancadinho e cheio de saudades de alguém que mora muito longe. Ela começou a trabalhar antes de mim, e eu estou aqui agora tentando me lembrar como é que eu pagava minhas xerox no primeiro ano de faculdade. Tanto assim, que entre as duas, até hoje acham que eu sou a mais nova. *Vento nos meus cabelos*

É muito estranho ter memórias tão fortes e ao mesmo tempo tão distantes com a mesma pessoa. Ela sempre esteve lá, ao meu lado, dividindo o mesmo quarto, os mesmos pais, o mesmo irmão mais velho, o mesmo carro. O.mesmo.carro. (Se fosse descrever todas as vezes que brigamos para saber de quem era a vez, pronto, cansei só de pensar). 
Acho que parte da grande beleza de crescer é conhecer melhor pessoas que sempre estiveram ali mas que você, opa, estava ocupado demais pra dar valor. Acho até que todas as relações tem um pouquinho disso. Aquele seu primo, por exemplo, só ficou mesmo seu amigo quando vocês cresceram, não foi? E sua mãe? Como você só conseguiu perceber o quanto ela é divertida e sábia só depois de grande, hein? Coisas da vida. E nem tem muito o que se fazer sobre isso a não ser crescer...

Hoje é aniversário da minha irmã mais nova. Nós não temos um ano completo de diferença, nem a mesma altura, nem o mesmo peso e continuamos com diferentes círculos de amigos. Mas o que nos une é algo muito maior que o sangue. É esse amor tão imenso e tão profundo que infelizmente a gente só se dá conta com uma salpicadinha de maturidade na relação e princialmente na vida. Ela é a mais nova, mas isso não faz diferença nenhuma. Tenho a impressão de que ela tem muito mais a ensinar à mim do que eu a ela, e talvez seja até verdade...



sábado, 9 de março de 2013

Urgência em amar

Um e-mail simples e objetivo, como a vida deveria ser:

"Bom seria se na vida não tivessem notícias ruins... Fulano faleceu."


Fulano era meu amigo da adolescência. Amigo de encontrar sempre na igreja. De muitas viagens juntos. É engraçado que quando uma pessoa morre aparecem 70 pessoas sempre para dizer o quanto era "um moço muito bom". Mas Fulano era tipo um mini gênio, o mais estudioso, o mais engraçado, o mais mais... Terminou a faculdade antes de todo mundo, terminou o mestrado e antes dos 30 já era doutor. Estudioso, trabalhador, o moço que toda sogra pediu a Deus. Casou a um ano atrás e a esposa está grávida de 6 meses. Que droga é essa? 

Acordei com urgência em amar. Com desejo que todos saibam o quando me são queridos. Talvez ele soubesse que eu gostava dele, talvez sim. Mas ele sabia que o amava? Sabia que o admirava? Sabia que no 11 de setembro, quando aquilo lá ocorreu com as torres lá nos EUA, a primeira pessoa que pensei em perguntar o que era que aquilo significaria politicamente para o mundo, foi ele? [porque é, eu tinha aquela pergunta na cabeça quando vi os noticiários e ninguém sabia ainda direito do que se tratava]. Não sei se ele sabia, nunca saberei.


Fulano morreu de parada cardíaca minutos depois que começou a jogar bola. Just like that.

Ame. Ame mesmo. Ame muito. Como se não houvesse outro dia para amar.
Porque pode ser que realmente não haja.