terça-feira, 28 de junho de 2011

E se você pudesse reparar o passado?

Sonhei que encontrava comigo mesma aos 6 anos. Nossa como eu era esperta! Eu miúda puxava minhas mãos grandes pra mostrar a nova Barbie com bicicleta...era rosa 
- olha, olha, tia, é rosa, é rosa!
Eu menina, mal sabia quem era aquela tia nova que a fora visitar, tampouco sabia o porquê daquela visita. Mas assim, afeiçoou-se de cara.




-Quantos anos você tem hoje?
-6 - Enquanto mostrava os dedinhos das mãos o número - Mas ano que vem eu vou fazer assim ó!
-E o que você gosta de fazer?
-Tia, eu gosto de brincar, é... de brincar, com minha irmã, com a Carolina, com meu irmão, de ir pra escola..
- Ir à escola? Você gosta de ir à escola?
-Gosto sim! Lá é muito muito legal! 


Enquanto conversávamos sobre seu mundinho infantil, meu coração foi diminuindo a cada palavra dada: e se eu pudesse impedi-la de cometer certos erros?
Sentei-a em meu colo, leve como uma garota de alma pura, e pus-me a falar com a mesma desenvoltura com a qual ela havia se apresentado.


- Evite correr pela casa e pelo campo de futebol do seu condomínio, você não vai gostar de olhar pra todas as cicatrizes que tem os seus joelhos quando você for da minha idade. Nunca comece a roer as unhas, você precisa descobrir que tem unhas encantadoras na adolescências e não depois de adulta. Não chore tanto agora por nada, garanto que terá muitas outras coisas mais importante pra chorar lá na frente. Não arranhe o carro do seu pai quando tiver por volta dos 9 anos, aquela surra, com certeza, você vai querer evitar. Mas acima de tudo: nunca, você ouviu bem? NUNCA sobre nenhuma circunstância, quando aquele garoto te pedir seu telefone, dê o número errado, finja que anotou o dele, queime o celular, jogue no mar que vai estar perto de você, não escreva na agenda, fuja de todos aqueles amigos seus em comum, fuja, fuja, como o diabo da cruz! Não vai ser o maior dos seus problemas, com certeza, mas temo que será o primeiro de todos eles...




Acordei suada, tentativa frustada de que fosse uma realidade.
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Um comentário:

  1. às vezes sonho com minha infância também, quando éramos eu e minha irmã, brincando no quintal da minha avó, ou curtindo o dia na praia... infelizmente o tempo passa muito depressa, outro dia eu tinha 9 anos, e agora já vou fazer 30. a gente ganha muita coisa, mas perde outras tantas... entre elas, a inocência de achar que o grande problema da sua vida é comer a sobremesa sem terminar o almoço.

    lindo texto. se eu pudesse voltar atrás, faria tanta coisa diferente...

    beijo!

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