Nessa volta pra casa eu precisei encontrar muita coisa perdida que deixei pra trás. Depois que me mudei, minha mãe rearrumou minhas coisas e minha irmã tomou meu guarda-roupa. Tudo bem. Hoje encontrei um classificador muito antigo. Ganhei ele em 2009 e enchia de coisinhas que gostava de fazer naquela época. Coisas como desenhos bem feinhos, boletim de alfabetização, poesias com rimas sofríveis e textos que me encatavam. O tempo foi passado e acrescentei nesse classificador uma outra porções de coisas que o tempo me dava. Entre eles, cada boletim de desempenho dos vestibulares que nunca passei. Eu lembro de guardar para analisar exatamente onde deveria melhorar.
Outra coisa que guardei foi uma carta que tinha na capa "abrir em 2012". Antes de ler, eu sabia do que se tratava. Foi numa aula. Na ultima aula de português do cursinho do ano de 2006. O professor, o melhor de língua portuguesa que já tive, pediu para que escrevêssemos uma carta futurística para nós mesmos. Ele pediu que projetássemos o tempo do curso que prestaríamos vestibular e escrevesse como se nós já estivéssemos ao final daquele curso. Como o curso que eu queria tinha 5 anos de duração, então eu só poderia abrir e reler a carta em 2012. Mas em 2012 eu não morava aqui. Essa carta ficou esquecida até hoje.
Minha carta tinha um teor de raiva muito grande. Não sei exatamente com quem eu estava irritada. Talvez comigo mesma, não sei. Eu disse que estaria formada por uma Universidade na qual não me formei, disse que teria uma profissão que não tenho hoje. Disse algo sobre dar tapa na cara de algumas pessoas [?], e ainda parafraseei um versículo bíblico que não faço ideia do que eu quis dizer naquela época.
Enfim 437 3.
Tudo isso pra dizer como a vida nos reservas coisa que a gente é incapaz de imaginar. Meus boletins de desempenho não significam nada para mim. Eles não me dizem quem sou. Meus desenhos continuam ruim, mas descobri que nem gosto assim de desenhar. Minhas poesias hoje não rimam mais. Tirar 6,5 em ciências na segunda unidade no meu boletim da alfabetização não me representa.
2014 começa lindo. O percurso até aqui foi lindo.
Ah, parei de escrever cartas futuristas, a vida vai dar mesmo um milhão de voltas, né?
E ainda bem q a vida reserva essas coisas para a gente... ainda bem!
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