domingo, 19 de maio de 2013

Festas de despedida


Estou morando aqui nos Estados Unidos há um ano. É, passou rápido, quase nem vi. 

Mentira. Vi tudo.

Eu estou bem, está tudo muito bem. Não tenho muitos motivos para reclamar, a não ser que... Eu não tenho mais nenhuma amiga aqui que eu conheci a um ano atrás. Essa é de longe a coisa que mais me entristece. Eu conto nos dedos de uma mão só os amigos americanos que eu fiz, todos os outros são intercambistas como eu, que cedo ou tarde terão de voltar pros seus devidos países.

Na sexta-feira eu fui pra mais uma festa de despedida. Mais uma. Tô ficando bem cansada disso. Tinha uma banda bem legal tocando. As músicas eram populares nas rádios e eu dancei e cantei todas elas. Todo mundo estava muito bem vestido, maquiado e cheiroso. Uma amiga anotou o telefone dela em um guardanapo e deu pro vocalista da banda depois que eles flertarem quase o show inteiro. Tiramos muitas fotos. O produtor da banda também tirou muitas fotos nossas. Deve está exposta em algum website da banda nesse exato momento. Mas era uma festa de despedida. Era uma festa de despedida. Alguém comprou uma bandeira dos Estados Unidos no Walmart e levou para que todos assinassem e escrevessem coisas fofas para a garota que partia. Eu fui a primeira a escrever. Não escolhi, simplesmente me deram. Eu escrevi uma bíblia. Entre as cores vermelha e branca da bandeira americana, eu usei toda uma linha branca só pra mim. Eu fiz carinha de triste no último abraço que ela me deu, mas bastou que eu a visse desaparecendo pela porta da boate que me dei conta que eu não tenho a menor previsão de quando a verei novamente. Eu não sei quando irei a Paris.  Ela não tem planos de ir ao Brasil. Chorei compulsivamente. Recebi um abraço em grupo e um abraço dentro abraço de quase 15 minutos. Fiquei lá, pensando nessas despedidas que a vida me reservou.


No dia seguinte já havia outra festa agendada, um jantar. Outra festa de despedida. Aceitei no meu coração enquanto saía do banho que eu não repetiria a cena da noite anterior. Que eu iria aproveitar o máximo de tempo com a pessoa que estava partindo e fingir que estava tudo bem com o fato de mais alguém que tanto gosto estar indo embora.
Arrumei meus cabelos, minha maquiagem demorou 30 minutos pra ficar pronta, vesti meu vestido tubinho floral curto e com bolsinhos, calcei meu salto de frente arredondada e lacinho marrom, vesti meu melhor sorriso e saí de casa. 

Falei com todas as pessoas que estavam no bar aquela noite. Todas elas falaram comigo. Falei sobre a copa do mundo, as olimpíadas, sobre a Dilma, sobre baseball, sobre o american way of life, sobre ser professora, sobre sotaques, sobre comportamento feminino ao redor do mundo e sobre uma porção de outras coias que não vou lembrar agora.  As amigas brasileiras ensinaram  para as amigas estrangeiras a expressão "me dá esse mel" e foi bem engraçado ver todas elas me tocando enquanto perguntavam where was my honey.

Foi divertido. Foi leve. Era uma festa de despedida, mas estava permitido ser feliz. 

2 comentários:

  1. vc ñ acha que da para manter contato com skype, facebook e afins? Não é físico... mas a amizade pode continuar.

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  2. que bonito!

    acho incrível o quanto vc é sociável e o tanto de amigos que fez.
    eu não sobreviveria a um intercâmbio, sou uma sociável de superfície. morreria de solidão em menos de 6 meses.

    bonito isso de pessoas de toda parte se aconchegando uma nas outras.

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