domingo, 9 de janeiro de 2011

Livre de mim

Engraçado que como tudo que olho pra trás está sempre cercado de planos. Na minha vida tem pelo ao menos cinco maeve´s, segurando braços, pernas e cabeça. Mas a pior de todas é aquela que deliberadamente carrega a parte que dizem ficar do lado esquerdo do peito. Essa maeve, não só segura, como controla e manipula como bonequinho de ventrículo toda parte emotiva do ser.

Não aprendi a não planejar, não sei não traçar metas. Para os visionários estou no caminho certo. Mas o que quer dizer caminho certo, num mundo incerto? É pegar uma estrada torta pra frente?

Sartre disse uma vez: “estamos condenados à liberdade”. Isso quer dizer que se nos encontramos no fundo do poço e reagimos a isso, subverter àquela situação é escolha nossa. Em contra partida, acabando-se a esperança e estando em estado de resignação e inércia, mas do que nunca é porque optamos por estar assim.

A liberdade humana está diretamente ligada ao mundo que nos cerca e nossas ações. E quanto à liberdade interior? Queria poder ter um jeito de deixar de ser eu por um momento que fosse. E não sendo eu, seria ninguém, ou melhor, nada. Fugir do meu corpo, da minha mente, dos meus planos, dos meus sonhos. Uns chamam de nirvana, outros catarse.

Talvez fosse melhor tentar a liberdade condicionada, aquela que de fato vivemos todos os dias, e que não estou com vontade de discorrer sobre ela. Mas me recuso a ser igual aos demais, na verdade, sou assim, não sei ser diferente.

Não sei ser livre de mim. Opto então pela resignação, pelo fim da esperança, opção minha, sem escapatória. Só hoje. Não conheço o futuro (por mais que quisesse). Quem sabe amanhã, pondo um fim a tudo isso, a liberdade me assalte, e eu vire refém dela.



em 04 de julho de 2009


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