segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

A Cachoeira

 Má influenciada pela fofa da Renata, num post que eu li, eu resolvi estrapolar, pela primeira vez, os limites da minha sanidade sendo parte desse universo que é novo para mim: o flerte.

 Lá estava eu com minha família e agregados numa linda cachoeira no interior da Bahia. Assim que cheguei de longe mesmo eu vi o moço. Altura mediana, magro, cabelos curtos e como estava de óculos escuros não pude ver seus olhos. Mas o que de fato me chamou a atenção foi que mesmo de longe eu percebi a empolgação com que ele falava, falava, falava e gesticulava com veemência. Adorei, assim, logo de cara.

Então comecei a olhar. Apenas isso. Olhei até ele perceber que estava sendo olhado. Ele parecia estar com mãe e irmãos, mas esses estavam na água e ele, apenas de longe, observava-os. Observava como se estivesse acima de todos, como se estive tudo em silêncio...


Até que chegou a hora dele ir. Todos saíram da água e começaram a conversar com ele. Qual não foi minha surpresa ao perceber que o fato dele tanto gesticular lá no inicio nada mais era do que sua própria língua: era surdo.

Que seja - pensei- eu queria mesmo terminar o curso de libras que nunca terminei... mas ele já estava indo. E foi nessa hora que ele tirou os óculos e pude ver os olhos tão doces e verdes como nunca imaginaria. Quando já estava longe, sorri, sorri leve, simples, e acenei apenas com os dedos. E ele acenou de volta. E ficamos assim, por um momento apenas, adentrei o seu mundo de silêncio...

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