Ir significaria acabar o sonho, a brincadeira, a ilusão.
Que da minha boca fuja apenas a verdade,
Meus ouvidos, cheiros, paladar, tato, tudo.
Que eu seja capaz de voltar a cada caminho desviado da rota
E enquanto subo novamente as escadas encontre você, sorridente.
Que possa ouvir músicas que me acalme
Que eu possa gritar enquanto choro desenfreadamente
Que eu possa ter momentos profundos de solidão
Com o tempo, meu amigo - hostil.
Ouvir meu nome de cento e dezenove jeitos diferente
Ser senhora deste estapafúrdio sentimento
Que eu possa, finalmente, ir embora
Que seja me permitido o crescimento, sem escapatória
Que eu possa ir àquele lugar onde serei apenas eu
Onde a lua cintila minha face
E ouço apenas o som da minha voz
Onde não tema a chuva que lava minh’alma
Que eu possa ser Colombina sem necessidade de Pierrot
Que o carnaval traga frutos eternos
Sim, senti o beijo pela ultima vez
Não serei lâmina de vidro, diamante puro.
No rosto, sorriso. No corpo, gingado. Nos cabelos vento.
Ser apenas quem se é
Oro com o pé, pra ver se dá jeito. |